quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O ASTRO

O ASTRO (1977)O ASTRO (1977)



O Astro foi um grande sucesso popular. O país viveu uma espécie de "comoção coletiva" e parou, literalmente, para assistir ao último capítulo, onde se revelava o assassino de Salomão Hayala, uma indagação que permaneceu 5 meses na cabeça dos telespectadores. O personagem de Dionísio Azevedo saiu de cena no capítulo 42, exibido em 23/01/1978.

Baseada na ascensão do ex-ministro do Bem-Estar Social da Argentina, Luiz Lopez Rega, conhecido como "El Brujo", que exerceu forte influência na administração do presidente Perón. Janete Clair já havia tentado escrever a novela em 1973, mas foi vetada pela censura na época (escreveu então O Semideus). O título original que Janete havia pensado (tanto para O Astro quanto para O Semideus>) foi O Bruxo, também censurado.

O Astro obteve índices de audiência superiores aos das transmissões dos jogos da seleção brasileira na Copa da Argentina em 1978 - 80% em média.

Na época em que O Astro foi ao ar, foi assinada a lei que regulamentava a profissão de ator no Brasil. A classe artística foi à Brasília, entre, eles, Daniel Filho, que foi recebido pelo então presidente Ernesto Geisel . O presidente perguntou à Daniel: "Diga uma coisa, quem matou Salomão Hayala?". Ele respondeu: "Isso é segredo de Estado, e disso sei que vocês entendem!"

O Astro repercutiu até numa importante recepção oferecida em Brasília pelo então Ministro das Relações Exteriores, Azeredo da Silveira, ao ex-Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger . Na hora da novela o salão ficou deserto, pois os convidados foram se reunir na frente da televisão mais próxima para acompanhar a trama.

A cantora Maria Bethânia exigiu uma televisão no camarim do Canecão, casa de shows carioca onde cumpria temporada, para acompanhar os capítulos antes de entrar em cena.

Janete Clair costumava dizer que quando faltava inspiração, lia jornais. E foi em notícias de jornal que ela construiu seu crime de ficção. Quando O Astro estava para acabar, a imprensa carioca registrava o assassinato da jovem Cláudia Lessin Rodrigues. Os acusados do crime eram um rapaz viciado em cocaína e seu amigo, um cabelereiro. Na novela os assassinos foram Felipe Cerqueira, um toxicômano mau-caráter, e Henri, seu amigo cabelereiro, o cúmplice. Felipe matou Salomão com uma coronhada de revólver na cabeça, durante o capítulo 42.

O último capítulo de O Astro foi manchete de primeira página de jornal. Três dias antes do final da novela, o Jornal do Brasil deu o furo: "o assassino é Felipe", apesar de terem sido gravados 5 finais diferentes para enganar a imprensa. A escolha do amante da mulher da vítima para ser o assassino decepcionou o público pela obviedade: Felipe sempre fora o principal suspeito.

Três dias depois da novela sair do ar, Carlos Drummond de Andrade escrevia em sua coluna de jornal: "Agora que O Astro acabou vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando." Foi nessa coluna que Drummond deu um apelido a Janete Clair: Usineira de Sonhos.

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